A cidade está cinza. Desde ontem, com o quebrar dos copos, os barulhos ensurdecedores, os estalos da cama. Roxa e cinza.
O corpo bem posicionado nesse ônibus, cada lombada uma pontada, tento evitar o choque. A pele rubra, incendiante, atordoa. O livro no colo, aberto, não lido.
Como um homem consegue fazer aquilo? Toda aquela força, aquelas mãos, quase duas vezes as minhas. Os vizinhos preocupados, o cachorro na soleira da porta, apreensivo. Os suores claros na face, as vozes esbaforidas quase mudas.
O quarto transpirava, lágrimas saiam do confronto de corpos. Os olhos se encaravam sem desvios, nunca fora assim. Tanta energia despendida, poucos sentidos. Hoje de manhã, no banho, meus seios ainda estavam sensíveis. Fôramos tão cumplíces, difícil acreditar.
A vida é assim, quando menos se espera conhecemos alguém, nos indentificamos, amamos. Sendo assim, como acreditar em algo cxomo ontem.
Há muito vivo isso. Toda vez saio da casa dele com novas sensações, novas marcas. Hora o mundo desaba, se já não desabou. O que falta ocorrer? Minhas pernas tremem até agora. Como imaginaria? Depois de tantas noites quebrara meu pulso.
Estou roxa sobre a cidade cinza.
O sol está em festa, os pássaros cantam, mas para mim é tudo cinza, quando não roxo.
Carlos, terças fortes, recorrentes, doloridas. Intermináveis por minha fraqueza, e tesão. Vermelho, depois cinza.
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