Era noite em seu corpo, todos os cheiros se misturavam e o enjoavam. Não sentia mais seu coração, e os poros estavam entupidos. Havia desistido do amor, sentimento que não lembrava mais como é. As ruas passavam cinzas pela sua visão, caminhava "melancólico e vertical". As flores nem desabrochavam pra ele, era passar perto que se fechavam em reclusão. Não tinha uma energia muito boa, fato.
Até, que em um dia nublado, como os outros, ventou! Uma ventania de erguer casas e corações. Soprou, soprou e foi ficando cada vez mais forte, circulando e formando tufões e furacões...os vulcões erupiam um magma vermelho, quente e forte. Levou as nuvens escuras embora, e trouxe uma névoa enigmática que para transpassar não precisava de visão, somente era necessário usar o músculo a pouco atrofiado que desembestou a bater.
Passado o tufão, contraditoriamente, não parou de ventar. Os pássaros voavam loucamente, cantando e voando. As formigas pararam seu trabalho de reconstrução do formigueiro só para observar. Escorria mel pelos poros que se misturavam ao sal do suor formando uma solução forte, onde solvente e soluto tinham seu espaço, ora misturados, ora separados, no mesmo copo. Milhões de reações quimícas aconteciam, na mesma vida!