terça-feira, 27 de outubro de 2009

A ventania!

Era noite em seu corpo, todos os cheiros se misturavam e o enjoavam. Não sentia mais seu coração, e os poros estavam entupidos. Havia desistido do amor, sentimento que não lembrava mais como é. As ruas passavam cinzas pela sua visão, caminhava "melancólico e vertical". As flores nem desabrochavam pra ele, era passar perto que se fechavam em reclusão. Não tinha uma energia muito boa, fato.
Até, que em um dia nublado, como os outros, ventou! Uma ventania de erguer casas e corações. Soprou, soprou e foi ficando cada vez mais forte, circulando e formando tufões e furacões...os vulcões erupiam um magma vermelho, quente e forte.  Levou as nuvens escuras embora, e trouxe uma névoa enigmática que para transpassar não precisava de visão, somente era necessário usar o músculo a pouco atrofiado que desembestou a bater.
Passado o tufão, contraditoriamente, não parou de ventar. Os pássaros voavam loucamente, cantando e voando. As formigas pararam seu trabalho de reconstrução do formigueiro só para observar. Escorria mel pelos poros que se misturavam ao sal do suor formando uma solução forte, onde solvente e soluto tinham seu espaço, ora misturados, ora separados, no mesmo copo. Milhões de reações quimícas aconteciam, na mesma vida!

domingo, 25 de outubro de 2009

Momentos entre os segundos da mente

O mundo era um acúmulo de não-sensações. Em cada canto, não via nada. Desistira dessas visões vermelhas, destes sorrisos faceis, pois achara que eles não podiam mais existir, e já que era assim, levava qual o mar os lixos da praia, por consequência. Vivia por consequência. Em cada canto via flores murchas, ainda mais quando olhava para mim, bem lá dentro, havia um jardim de flores murchas. Cinzas e murchas. Mas sempre houvera uma busca, por uma areia mais úmida, uma flor ao invés de uma planta. Mas não encontrava, va, va, va, ia, ia, va, ara, ia, ia, era...

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Artigo e devaneios

Li um texto do Eduardo Galeano muito bom, onde analisa as multiplicidade de informações as quais somos submetidos, e que nos levam a falta de conhecimento e distanciamento com o mundo. Isso é sintomático! A nossa necessidade de verdades e de sentimentos nas nossas relações, provavelmente é ampliada por essa enorme quantidade de informações iguais. Redes midiáticas veiculam as mesmas informações durante todo o tempo. E acessamos e nos julgamos informados, quando na verdade estamos controlados pelo o que nos veiculam. Normalmente aceitamos as informações servidas ao molho pardo, por grandes corporações, e poucos de nós corremos atrás de outro tipo de visão e análise. Já falei sobre alguns problemas da mídia aqui, é um assunto que me interessa muito. Não apenas o que ela passa, mas também, como podemos ampliar os canais de comunicação. Não só na internet, mas na vida real.

Por uma mídia mais aberta, onde veiculem diferentes notícias. E por pessoas que gostem - além da internet, de televisores e de jornais - de se sujar na lama, tomar banho de mar ou brincar com o cachorro. E que assim, possam ver mais luz nas outras pessoas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Água de Beber!

Eu quis amar mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração

Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim

A vida é fluida, em cada canto tem um grão de areia para fazer cócegas nos nossos pés, mas apenas se andarmos descalços, propositalmente desprotegidos. Dificil é meter a cara nessa vida, pular de cabeça numa piscina sem água, muitos de nós temos evitado os contatos a primeira instância, estamos "cabreiros", pudera, tomamos porrada a torto e a direita. Somos acovardados pelos pais, saqueados pelos governantes, traídos por falsos amigos, assaltados por seres como nós, vitimas de preconceito por muitos. Quando acordamos de cara pro vento entra poeira nos olhos e choramos. Todas essas ocorrências em nossas vidas nos tornam receosos, duros...e tristes.
A pouco era livre, desabrochado para receber todos os animais que vinham exalar meu perfume. Era feliz, mas fiquei triste. Muitos socos. Luto constantemente contra esse endurecimento, e ainda acordo disposto por vezes. O problema é que logo tomo outra, e decaio. Por que os seres têm que ser assim? Por que tenho que ser assim? Não tenho, mas tantos me tocam e me machucam que não sei quando beberei a água sem medo de coliformes fecais.
O lúdico dessa situação é que nunca me importei com a saúde, e apenas com a satisfação, mas de um tempo pra cá, tenho medo de me machucar e machucar os outros, que como já fiz, se jogam na vida. O lúdico e o trágico.
Novamente tomo uma decisão instantânea, abrir todos os meus poros, e beber a água, água fluida, que é a vida. Qualquer coisa passo Gelol que passa!