sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Deu no Estado de S. Paulo

O crepúsculo dos sábios

Apática, sem maravilhamento, a universidade pós-moderna se esqueceu de sua dívida simbólica com as gerações passadas
Olgária Matos - O Estado de S.Paulo



 - O conceito de universidade moderna e a natureza do conhecimento que ela produziu até os anos 1960 tinham por objetivo formar o cientista. Este representava o "mestre da verdade" porque capaz de compreender seu ofício na complexidade dos saberes e da história. Sua autoridade procedia de sua palavra pública, pela qual se fazia responsável. O cientista era o intelectual, e para ele a pesquisa não correspondia a uma profissão, mas a uma vocação. O conhecimento mantinha sua autonomia com respeito às determinações imediatamente materiais e do mercado. Sua temporalidade - a da reflexão - compreendia-se no longo prazo, garantidora da transmissão de tradições e de suas invenções.

A universidade pós-moderna, por sua vez, converte pesquisa em produção, constrangendo-se à pressa e à produtividade quantificada do conhecimento, adaptando-se à obsolescência permanente das revoluções técnicas, promovidas pelas inovações industriais segundo a lógica do lucro. A temporalidade do mercado confisca o tempo da reflexão, selando o fim do papel filosófico e existencial da cultura. Para a universidade moderna não cabia a pergunta "para que serve a cultura", mas sim "de que ela pode liberar". A universidade moderna elevava a sociedade aos valores considerados universais no concerto das nações que procuravam uma linguagem comum ao patrimônio cultural de toda a humanidade, devolvendo-o à sociedade com seus maiores cientistas e seus melhores técnicos. Essa foi a tradição de Goethe que havia formulado a ideia da Weltliteratur, da literatura universal como cosmopolitismo do espírito.

A universidade pós-moderna é a da indiferenciação entre pesquisa e produção. O intelectual cultivado foi destituído - em todos os domínios do conhecimento - pelo especialista e seu conhecimento particularizado, cujo contato com a tradição cultural é episódico ou inexistente. Seu discurso não diz mais o "universal" e se limita a formulações técnicas, perdendo-se o sentido do conhecimento e seus fins últimos, com a passagem da questão teórica "o que posso saber" para a pragmática "como posso conhecer". Pra Gunther Anders, o emblema da conversão do intelectual em pesquisador, da razão crítica em desresponsablização ética e racionalidade técnica, foi Fermi na Itália e Oppenheimer nos EUA, cujas pesquisas sobre a bomba atômica foram tratadas por eles em termos estritamente técnicos.

A universidade pós-moderna não lida mais com as "grandes narrativas" nem busca a fundamentação do conhecimento e seus primeiros princípios. Como o mercado, se pauta pela mudança incessante de métodos e pesquisas. Nada aprofunda, produzindo uma cultura da incuriosidade, imune ao maravilhamento. Em sua pulsão antigenealógica, acredita que tudo o que nela se desenvolve deve a si mesma, não reconhecendo nenhuma dívida simbólica com as gerações passadas. Essa circunstância, por sua vez, pode ser compreendida no âmbito da massificação da cultura e da universidade.

Com a ditadura dos anos 1960 no Brasil, a universidade pública moderna - concebida de início para formar as elites governantes, a partir do ideário de universidade cultural, científica e com suas áreas técnicas - começa sua desmontagem, o que e resulta em sua massificação. Sob a pressão de massas historicamente excluídas dos bens científicos e culturais, bem como do sucesso profissional aferido pelo enriquecimento nas profissões liberais, a universidade pós-moderna acolhe populações sem o repertório requerido anteriormente para a vida acadêmica. Face ao ideário moderno baseado no mérito de cada um e não mais no sistema nobiliárquico do nascimento, e sua incompatibilidade com a desigualdade real de oportunidades para a ascensão social, a universidade pós-moderna questiona, contrapondo-os, mérito e igualdade, reconhecendo no primeiro a manutenção do regime de privilégios e distinções do passado.

Assim, a universidade atual adapta-se à fragilidade do ensino fundamental e médio, passando a compensar as deficiências dessa formação. Para isso, a graduação retoma o ensino médio, a pós-graduação a graduação, o doutorado o mestrado, cuja continuidade é o pós-doutorado, tudo culminando na ideia da "formação continuada" e de avaliações permanentes. Ao mesmo tempo, a ideia de pesquisa moderna anterior transforma-se em fetiche pós-moderno, tanto que a iniciação científica se faz para estudantes em preparação para a vida universitária adulta, mas constrangidos a publicações precoces. O paradoxo é grande, uma vez que, maiores as carências nos anos de formação do estudante - como a precariedade no acesso à bibliografia em idiomas estrangeiros e dificuldades de expressão oral e escrita na língua nacional -, mais estreitos são os prazos para a conclusão de mestrados e doutorados. Prazos e métodos, por sua vez, migram das disciplinas científicas para todos os campos do conhecimento, sob o impacto do prestígio da formalização do pensamento, como é possível reconhecer, em particular no estruturalismo e, mais recentemente, no linguistic turn, sua legitimidade garantida pelo rigor científico de suas formulações. Acrescente-se o abandono da ideia de rigor na escrita e o fim do estilo, com o advento do gênero paper e a multiplicação de congressos no mundo globalizado.

Massificada a cultura, proliferaram, com a ditadura militar, a privatização do ensino e seu barateamento, as universidades particulares - salvo as exceções de praxe - prometendo ascensão social e acesso ao "ensino superior" e decepcionando suas promessas. A universidade moderna que a antecedeu garantia o exercício da formação especializada e se encontrava na base dos cursos técnicos com formação humanista para todos os que não se encaminhavam para a pesquisa, devendo atender à profissionalização, mas também à felicidade do conhecimento.

A emergência da universidade pós-moderna diz respeito ao abandono dos critérios consagrados até então a fim de democratizá-la. Mas a democratização pós-moderna é massificação. A sociedade democrática comportava diversas representações das coisas: os partidos representavam as diferentes opiniões, os sindicatos os trabalhadores, a Confederação das Indústrias os empresários. Na sociedade pós-moderna, o consenso é produzido pela mídia e suas pesquisas de opinião, através da eficiência persuasiva da televisão, que primeiramente cria a opinião pública e depois pesquisa o que ela própria criou. Razão pela qual massificação significa perda da qualidade do conhecimento produzido e transmitido, adaptado às exigências de massas educadas pela televisão, com dificuldade de atenção e treinadas para a dispersão, mimadas por uma educação que se conforma a seu último ethos.

A cultura pós-moderna é a da "desvalorização de todos os valores". Sua noção de igualdade é abstrata, homóloga à do mercado onde tudo se equivale. Em meio à revolução liberal pós-moderna, a universidade presta serviços e se adapta à sociedade de mercado e ao estudante, convertido em cliente e consumidor, como o atesta a ideologia do controle dos docentes por seus alunos.

Em seu ensaio Filosofia e Mestres, Adorno diz, temendo incorrer em sentimentalismo, que o conhecimento exige amor. Sua universidade, a de Frankfurt, era moderna, humanista, como era humanista o professor de uma fita italiana dos anos 1970. No filme, estudantes impedem o franzino docente de literatura românica com seus compêndios eruditos de entrar na sala de aula onde discutem questões do curso. Sentado em um banco, o mestre escuta o vozerio e ruídos de cadeiras sendo arrastadas. Por fim é chamado e, quando entra, os estudantes em suas carteiras estão em círculo, e o professor senta-se entre eles. Discutem então o que o professor deveria ensinar-lhes. Como não chegam a nenhum consenso e o dia se faz crepuscular, decidem finalmente deixar que o professor se manifeste. Ao que o professor, retomando seu lugar junto à lousa e diante de todos, anuncia: "Estou aqui para ensinar a vocês a beleza de um verso de Petrarca".

Metáfora rigorosa para a educação, da escola maternal à universidade, o conhecimento, como escreveu Freud, é uma das tarefas mais nobres da humanidade no longo processo de sua humanização.


Professora de filosofia da USP

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A ventania!

Era noite em seu corpo, todos os cheiros se misturavam e o enjoavam. Não sentia mais seu coração, e os poros estavam entupidos. Havia desistido do amor, sentimento que não lembrava mais como é. As ruas passavam cinzas pela sua visão, caminhava "melancólico e vertical". As flores nem desabrochavam pra ele, era passar perto que se fechavam em reclusão. Não tinha uma energia muito boa, fato.
Até, que em um dia nublado, como os outros, ventou! Uma ventania de erguer casas e corações. Soprou, soprou e foi ficando cada vez mais forte, circulando e formando tufões e furacões...os vulcões erupiam um magma vermelho, quente e forte.  Levou as nuvens escuras embora, e trouxe uma névoa enigmática que para transpassar não precisava de visão, somente era necessário usar o músculo a pouco atrofiado que desembestou a bater.
Passado o tufão, contraditoriamente, não parou de ventar. Os pássaros voavam loucamente, cantando e voando. As formigas pararam seu trabalho de reconstrução do formigueiro só para observar. Escorria mel pelos poros que se misturavam ao sal do suor formando uma solução forte, onde solvente e soluto tinham seu espaço, ora misturados, ora separados, no mesmo copo. Milhões de reações quimícas aconteciam, na mesma vida!

domingo, 25 de outubro de 2009

Momentos entre os segundos da mente

O mundo era um acúmulo de não-sensações. Em cada canto, não via nada. Desistira dessas visões vermelhas, destes sorrisos faceis, pois achara que eles não podiam mais existir, e já que era assim, levava qual o mar os lixos da praia, por consequência. Vivia por consequência. Em cada canto via flores murchas, ainda mais quando olhava para mim, bem lá dentro, havia um jardim de flores murchas. Cinzas e murchas. Mas sempre houvera uma busca, por uma areia mais úmida, uma flor ao invés de uma planta. Mas não encontrava, va, va, va, ia, ia, va, ara, ia, ia, era...

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Artigo e devaneios

Li um texto do Eduardo Galeano muito bom, onde analisa as multiplicidade de informações as quais somos submetidos, e que nos levam a falta de conhecimento e distanciamento com o mundo. Isso é sintomático! A nossa necessidade de verdades e de sentimentos nas nossas relações, provavelmente é ampliada por essa enorme quantidade de informações iguais. Redes midiáticas veiculam as mesmas informações durante todo o tempo. E acessamos e nos julgamos informados, quando na verdade estamos controlados pelo o que nos veiculam. Normalmente aceitamos as informações servidas ao molho pardo, por grandes corporações, e poucos de nós corremos atrás de outro tipo de visão e análise. Já falei sobre alguns problemas da mídia aqui, é um assunto que me interessa muito. Não apenas o que ela passa, mas também, como podemos ampliar os canais de comunicação. Não só na internet, mas na vida real.

Por uma mídia mais aberta, onde veiculem diferentes notícias. E por pessoas que gostem - além da internet, de televisores e de jornais - de se sujar na lama, tomar banho de mar ou brincar com o cachorro. E que assim, possam ver mais luz nas outras pessoas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Água de Beber!

Eu quis amar mas tive medo
E quis salvar meu coração
Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração

Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim

A vida é fluida, em cada canto tem um grão de areia para fazer cócegas nos nossos pés, mas apenas se andarmos descalços, propositalmente desprotegidos. Dificil é meter a cara nessa vida, pular de cabeça numa piscina sem água, muitos de nós temos evitado os contatos a primeira instância, estamos "cabreiros", pudera, tomamos porrada a torto e a direita. Somos acovardados pelos pais, saqueados pelos governantes, traídos por falsos amigos, assaltados por seres como nós, vitimas de preconceito por muitos. Quando acordamos de cara pro vento entra poeira nos olhos e choramos. Todas essas ocorrências em nossas vidas nos tornam receosos, duros...e tristes.
A pouco era livre, desabrochado para receber todos os animais que vinham exalar meu perfume. Era feliz, mas fiquei triste. Muitos socos. Luto constantemente contra esse endurecimento, e ainda acordo disposto por vezes. O problema é que logo tomo outra, e decaio. Por que os seres têm que ser assim? Por que tenho que ser assim? Não tenho, mas tantos me tocam e me machucam que não sei quando beberei a água sem medo de coliformes fecais.
O lúdico dessa situação é que nunca me importei com a saúde, e apenas com a satisfação, mas de um tempo pra cá, tenho medo de me machucar e machucar os outros, que como já fiz, se jogam na vida. O lúdico e o trágico.
Novamente tomo uma decisão instantânea, abrir todos os meus poros, e beber a água, água fluida, que é a vida. Qualquer coisa passo Gelol que passa!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Novidades em blogs meus

Olá pessoal, apenas estou postando aqui um aviso. Tento uma união entre os visitantes dos meus blogs, desta forma, postarei nesse blog, quando ocorrer atualização no outro.

Sendo assim, está avisado. Tem novo post no Dois poetas várias poesias.
Obrigado,

e que suas peles queimem com cada raio de sol que lhes tocarem nesta vida.

Bj a todos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Folhas voam

Esses rios pelos quais passei, guardam nas profundezas cada partícula das emoções que senti. Os ventos passam e misturam as águas e elevam todos os sentimentos esquecidos. Cada pedra que tropecei, cada perfume que tocou e penetrou-me oriçou meus pelos por dentro.
Olha! Este é um texto corrido, misturado, confuso. Está cheio de vidas e contradições.
Já me protegi dentro de um ovo e quando saí fiquei aconchegado nas penas de minha mãe. Quente, com poucos "pius".
Desbravei matagais, participei de manadas violentas, fui impulsivo e impossível.
Chorei qual no nascimento, sofri por coisas fétidas e atos não menos repugnantes. Assim como por pássaros se beijarem e voarem rápido.
Desta vida já desisti, e por sorte, rejuveneci. Sigo vivendo, sem destino, com apenas um objetivo: notar cada formiga, e lhe dar passagem!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Dia e noite

Era dia em seus olhos, e os raios de luz percorriam todos seus poros. Há muito não sentira tamanha lucidez, tamanho silêncio agitado. Logo apressou-se em sair, mão ao telefone. Na resposta afirmativa dos companheiros se agarrara, e fora ter com a noite seu dia.
Moço recatado, pudico e timido era nosso personagem; dono de um coração vibrante mas eferrujado. Já fora duro como mole, já fora lindo como feio, já fora...
Saiu então nosso jovem, com o mundo no corpo e o corpo - sem saber - dividido. A lua resplandecia todos os seus anseios, impositivos e duros anseios. Mas hoje, apenas hoje, e um hoje tão forte, era fraco. Idéias conturbadas, dentes cerrados sem saliva no intermédio. Vontade acorrentada.
O dia brilhava em um lindo sol, mas usava guarda-sol. Passou o dia (a noite) protegido, e perdeu o sol. Sua pela continua branca, apática, cheia de filtro solar...
Na volta, um sentimento de agonia, de auto-desprezo, e se fazia noite a noite. Uma noite de lobos internos uivando a carne corroída. Nevoas desafiando a lucidez, e o frio estatizando seu coração, que ainda guarda os anseios, mas estes estão dormindo, enquanto seus olhos ardem pelo creme que lhe escorre a face.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pensamento Dual

A cidade está cinza. Desde ontem, com o quebrar dos copos, os barulhos ensurdecedores, os estalos da cama. Roxa e cinza.
O corpo bem posicionado nesse ônibus, cada lombada uma pontada, tento evitar o choque. A pele rubra, incendiante, atordoa. O livro no colo, aberto, não lido.
Como um homem consegue fazer aquilo? Toda aquela força, aquelas mãos, quase duas vezes as minhas. Os vizinhos preocupados, o cachorro na soleira da porta, apreensivo. Os suores claros na face, as vozes esbaforidas quase mudas.
O quarto transpirava, lágrimas saiam do confronto de corpos. Os olhos se encaravam sem desvios, nunca fora assim. Tanta energia despendida, poucos sentidos. Hoje de manhã, no banho, meus seios ainda estavam sensíveis. Fôramos tão cumplíces, difícil acreditar.
A vida é assim, quando menos se espera conhecemos alguém, nos indentificamos, amamos. Sendo assim, como acreditar em algo cxomo ontem.
Há muito vivo isso. Toda vez saio da casa dele com novas sensações, novas marcas. Hora o mundo desaba, se já não desabou. O que falta ocorrer? Minhas pernas tremem até agora. Como imaginaria? Depois de tantas noites quebrara meu pulso.
Estou roxa sobre a cidade cinza.
O sol está em festa, os pássaros cantam, mas para mim é tudo cinza, quando não roxo.
Carlos, terças fortes, recorrentes, doloridas. Intermináveis por minha fraqueza, e tesão. Vermelho, depois cinza.

domingo, 26 de julho de 2009

Avanti Palestra!! Scoppia che la vittoria è nostra!!

Hoje foi dia de clássico. E que clássico, principalmente para mim (hehe). O coração saltava pela boca desde antes de ontem, muito sofrimento. Jogo igual? Não tem. Sofro antes, com o coração apertado, e o sono, no dia anterior, muito distante.
Ontem, fui assistir, a uma da manhã, o filme em homenagem ao mestre do manto verde numero 10, para esperar o longínquo sono. Tremia, e o clima do clássico em conjunção com o filme mareou os olhos. Só mesmo o futebol!
Bem, hoje acordei, vi os esporte a espera do grande show. O clássico em si, pois não sabia ainda que era dia de OBINA!!! Peguei cerveja, coloquei na geladeira, televisão no quarto, sozinho. Camisa no corpo, cinzeiro e cigarros do lado. Tudo pronto.
E APITA O ARBITRO!!! COMEÇA O JOGO EM PRESIDENTE PRUDENTE!!!
Quando vi a bandeira da itália em bexigas, trascrito no meio S.E.P, vi que era nosso dia!!
Bola na trave e gol anulado corretamente. Mas antes dois impedimentos que não existiram. O Diego não perderia! Maldito juiz! Mas enfim não fez falta. Palestra jogou como o mestre - que vi ontem - gostava. Um meio criativo, com chutes perigosos. Trave do CX10, chute do Edimilson, cruzamento do Pierre, falta do Souza - i che ragazzo!!! -, enfim uma Academia de Ademir!!!

Rafa, enxugue as lágrimas.

Saudações Alviverdes!!!

POST, não em resposta, pois concordo com todas as linhas do seu post, mas, em diálogo com o http://politicamente.incorreto.zip.net/

Avanti Palestra!! Scoppia che la vittoria è nostra!!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Problemas Midiáticos

A imprensa livre, tão requisitada para uma democracia, a muito não existe no mundo. Sim, todos têm direito de expressar suas opiniões, e igualmente têm o direito de veicular noticias, no entanto, com a chegada das novas formas de informação de massa - basicamente o rádio e a televisão - os direitos de sinais cedidos pelo Governo e pela União acabam por controlar essa "livre" expressão. As noticias veiculadas estão em uma lógica sintomática. Todas as redes de televisão tratam dos mesmos temas da mesma maneira. Os interesses são garantidos pelo oligopólio midiático. Muitas coisas acontecem, poucas são ditas.
Noticias políticas são tratadas em meios a problemas judiciais. Não debatem o interesse da reforma política, as ideologias. Como não se debate as diretrizes do governo. Pouca opinião e muitos B.O's abertos no congresso. Noticias como a do Senador José Sarney, ou do envolvimento do Grupo Opportunity, passam nos telejornais como notícias políticas, apenas pela participação de políticos nas faucatruas, sendo que notícias políticas dependem de análise de conjuntura, de ações governamentais, de debate sobre rumos e projetos. Todas esses pontos deveriam ser debatidos, e informar a população. O que não ocorre.
Com essa realidade, pouco informa-se sobre os rumos do país. Notícias policiais como as acima devem sim ser veiculadas, mas não podemos deixar de exprimir as opiniões e análise sobre os rumos. Dificulta assim, o trabalho de muitos (sociólogos, economistas, biólogos, entre outros), e a compreensão de milhões sobre os rumos do Brasil, pior, causa apenas um marasmo e uma descrença já formada pelos cidadãos acerca de seus políticos e seu país

Vamos organizar um pouco o que foi dito até aqui.

Primeiro, os sinais são controlados impedindo a livre comunicação, e a variedade de opiniões. Segundo, a internet não foi citada, por se tratar ainda hoje de um instrumento recluso a poucos e muito variado em sua função, podendo servir de informação, passatempo ou ferramenta da alienação pelo próprio indivíduo, isto é por escolha própria, o que não ocorre com meios como a televisão e o rádio. Obviamente a internet modifica e modificou muito a circulação de notícias, e tem, além do mais, um futuro muito próspero na sua divulgação e de materiais artísticos, debates de qualidade, entre outros. Mas ainda não alcança o patamar de audiência das outras formas de mídia.
Terceiro, a organização das notícias em telejornais, ou radio jornais é má (ou bem, depende dos interesses!) elaborada. O tempo dos jornais são curtos, e todas as emissoras trabalham com as mesmas notícias, muitas vezes as mesmas desnutridas imagens e opiniões. Quarto, o interesse das emissoras e grandes grupos empresariais estão claros, a alteração de imagens e falas para angariar audiência e fundos simplesmente, esquecendo da função básica da mídia, e do seu Ethos fundamental.
Quinto, os filmes escolhidos pelas redes de televisão seguem os interesses de audiência e lucro. Pouco reflexivos, e de cunho - em sua grande maioria - de entreterimento. Não digo que não deva existir esses filmes na televisão, mas ou dão a possibilidade de passarmos filmes inteligentes, de grande expressão artística, através da liberalização de sinais para a criação de canais por grupos interessados (e não faltam!), ou passem, pelo menos, nos próprios canais já existentes.
Sendo assim, acho muito valorativo as discussões sobre mídia livre, e a iniciativa de alguns poucos em produzir jornais a duras penas, e distribuir propondo uma nova forma de fazer jornalismo. Mas o que não pode se perder é a luta por uma mídia democrática, livre e de qualidade, que discuta temas de interesse público, e permita, pela diversidade de canais e ideologias, novas opiniões.
Pouco terá influência esse post, perto de debates que poderiam ocorrer na grande mídia. Sintoma da importância de veículos gigantes melhorarem sua programação.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Intervenções perigosas!


Estou um tanto preocupado com o auxílio americano a Colômbia de Uribe. Não é de hoje que essa boa fé americana assusta muitos como eu, com algum apredizado acerca da história da América Latina.
A CIA, inteligência americana, agiu durante a segunda metade do século XX com extrema estratégia, e proporcionou a tomada do poder por militares em vários países latinos, como Argentina, Chile e Brasil. Forneceu armas, treinamentos e tudo o que necessitava para tiranos como Pinochet, Médici entre outros que subjulgaram nossa terra e nossa gente. Em troca, além dos ganhos militares, tiveram grandes ganhos ideológicos da consolidação do regime capitalista frente ao socialista. Quando não foi mais necessário esse controle extremo, "liberaram" os países. Esqueçamos por um momento o Consenso de Washington, e nos concentremos nesse pacto com a Colômbia.
A situação da Colômbia a muito não é das melhores. Os conflitos populares se baseiam em três pontas fortes, se assim podemos chamar. De um lado, está o governo Colombiano, chefiado Por Álvaro Uribe, um político de direita, com algum cunho autoritário demagógico. De outro, estão as FARCS (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que de revolucionárias têm muito pouco, e conseguem consquistar uma boa parcela populacional. Por fim, estão os cidadãos médios, de pouca influência política, grandes dificuldades financeiras, e de pouquissima qualidade de vida, excetuando as elites do país que coloco no primeiro grupo, junto a Uribe.
O governo americano têm grandes interesses em aliados na América do Sul, já que de uns anos pra cá formou-se um campo de resistência, mesmo que frágil, ao sistema americano. Outro ponto é que as guerras americanas estão acabando, e precisam gastar algumas armas, seja internamente, por um financiamento a um governo militar de direita, ou por um combate ás empreitadas bolivianas e venezuelanas, seguidas dos governos ditos de esquerda, ou populares.
Torço para que o novo governo Obama seja mesmo diferente, mas não sei se tem força suficiente para segurar a fome da secular indústria armamentista americana, e sua necessidade de conflito.
Os tempos de hoje não demonstram uma possibilidade de ditadura como as que ocorreram no passado recente, vide o caso de Honduras e sua repercusão mundial. Mas não duvido de nada, e me preocupo.

Tempos turbulentos são avistados do alto do mastro da embarcação latino-americana.